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Um retorno (in)esperado!

Finalmente estou retornando com o “Explorando Meu Quintal” depois de mais de 2 anos sem publicar nada por aqui.

Muita coisa mudou na minha vida desde a última vez que publiquei algo, no longínquo ano de 2011: mudei de cidade, entrei na faculdade, morei em uma república de estudantes, morei sozinho, voltei a morar em uma república, aprendi a beber, me apaixonei algumas vezes, engordei, viajei bastante e descobri que distância e saudade são coisas difíceis de lidar. Resumindo, cresci muito como ser-humano e aprendi muita coisa.

Mais recentemente, uma coisa muito louca aconteceu comigo. Consegui uma bolsa de estudos e me mudei pra ALEMANHA! (E teve boatos que eu ainda estava na pior…)
Estou morando em Frankfurt há dois meses. Vim pra cá para fazer seis meses de alemão e um ano de faculdade.
Estudar na Deutschland é um desejo de 90% dos estudantes de engenharia mecânica, assim como eu, e consegui atingir esse objetivo. Além do mais, a Alemanha sempre foi um país que me atraiu. Sempre tive empatia e fascínio pela terra da cerveja, do Schumacher, da tia Merkel e do tio Hitler.

Bom, o que acontece é que, no meio dessas mudanças todas, eu perdi o pedaço de papel onde estava escrito o real objetivo deste blog. Onde eu queria chegar quando criei isso aqui? Não me lembro, mas com certeza o objetivo mudou, assim como toda a minha vida nesses últimos anos.

Sinto agora que tenho que escrever sobre minhas AVENTURAS, VIAGENS e botar aqui alguns pensamentos loucos e devaneios que saem da minha cabeça de vez em quando. Mais do que isso, esse Blog vai ser a maior ligação entre mim e todos os meus familiares, amigos e conhecidos, aproximando-nos e fazendo com que a saudade não aperte muito.

Chega de blá, blá, blá e vamos trabalhar! Digo, se aventurar!

Coloca a mochila nas costas e o pé na estrada. O mundo nos aguarda!

O sol já raiou. Coloca a mochila nas costas e o pé na estrada… O mundo nos aguarda!

Dois violões

Tiro a poeira daquele violão escorado na parede. Suas cordas desafinadas não me fazem desistir. Dedilho alguma coisa. Toco bem baixo que é para não acordar quem dorme ao lado. Não canto a canção, só reflito a letra.
Então me lembro que a música é cantada em dupla. Acabo saindo do ritmo.
Busco no pensamento a outra voz para me acompanhar. Mas faz tanto tempo que não a ouço. Umas 24 horas. Tempo suficiente para fazer falta.
O relógio anda. Mais uma hora se passou. Já perdi o ritmo e a letra da música.
As batidas no violão são estranhas, violentas. Quebro duas cordas.
Preciso da minha dupla. Preciso da sua voz. Preciso da sua presença.
Ela vai saber consertar as cordas, vai me colocar no ritmo e vai cantar a canção que eu fiz.
Fiz para ela.

Caixa de descobertas

Hoje eu abri minha caixinha de descobertas que ganhei da minha avó quando era pequeno e tirei de lá um sentimento novo. Não me lembro de tê-lo sentido antes. Procurei metáforas para descrevê-lo e a melhor que achei foi a seguinte: um balde de água em cima de uma chama que insistia em ficar acesa.
Foi estranho, mas não podia colocar o sentimento de novo na caixa. Estava lá escrito na tampa: “Por sua conta e risco”. E eu sabia no que estava me metendo. Eu não poderia simplesmente voltar no tempo e desgostar. Também não poderia fingir que não aconteceu.
Resolvi ligar pra minha avó. Ela saberia o que fazer. Falou que eu tinha que esperar um tempo até que eu estivesse pronto para tirar algo novo da caixinha. Não falou quantos dias ou quantos meses, só um tempo. Acontece que eu sei que vou tirar algo novo de lá mais cedo ou mais tarde. Esse negócio de tempo não serve para mim. Talvez seja meu signo de sagitário com ascendente em aquário que me faça impaciente desse jeito.
Estou com o sentimento aqui guardado. Tento conviver com ele. Está sendo difícil. Deixa estar.
E as brasas daquela chama? Também estão aqui. É só soprar que elas se acendem…

Tulipas Vermelhas

Borboletas coloridas voam
Sobre as tulipas vermelhas
Enfeitando o teu jardim.
Tento fazer parte disso.

Minha memória vem à tona.
Lembro das primeiras conversas,
Assobiando com o passarinho azul
Assobiei tanto que perdi a voz.

Volto-me para o jardim,
Fiz uma visita.
Não sei se era um jardim
Ou o paraíso.

Só sei que preciso fazer parte disso.
De novo…

La Joconde

Me apaixonei por uma obra de Da Vinci.
Não amei, me apaixonei.
Dormi com seus traços na minha mente.
Belas pinceladas aquelas.

Pulei muros para conquistá-la,
Roubei rosas que nunca cheguei a entregar,
Busquei seu coração,
Nunca com muita vontade.

Me tornei um apaixonado pela arte.
Mas as cores frias daquela tela
Esfriaram meu coração.
E isso foi há muito tempo atrás.

Saudade

Vou sentir falta daz vezes que eu passava as férias ao seu lado. Pra falar a verdade, quase todas.

Falta das sextas-feiras que a gente saía pra comer aquele pé-de-porco na esquina do Bar do Mário.

Saudades de ouvir Beatles ao seu lado. Foi o senhor que me ensinou a ouví-los.

Vou sentir falta das histórias que o senhor me contava sobre o Cruzeiro de Nelinho, Piazza, Tostão…

Ir à Serra Branca, sentar em um barzinho, sentir frio e voltar pra casa já pensando em fazer a mesma coisa no dia seguinte.

Das vezes que eu acordava seis horas da manhã no domingo pra poder ir ao Mercado. Só pra no final, o senhor me pagar um pastel com caldo-de-cana.

Agora só me restam as lembranças dos bons momentos.

E as lágrimas que escorrem enquanto escrevo este texto…

Feche os olhos

“Viva como se fosse seu último dia”. Já percebeu como todo mundo repete esse bordão, mas não coloca nada em prática? Claro! Simplesmente porque nem tudo é feito em curto prazo, melhor dizendo, quase nada.  Mas também pelo receio que temos de algo dar errado, medo das consequências.

Mas acho que essa frase serve para uma reflexão mais para o lado sentimental, principalmente para os apaixonados que, na maioria das vezes, são os que não a colocam em prática. Percebem um sentimento diferente, uma coisa além da amizade. Mas o tempo vai passando, passando…

É com isso que eu acho uma palavra que se encaixa e até substitui o nosso bordão, o qual influencia muitos compositores: iniciativa. Praticando essa ação, tendo esse pensamento, você consegue de um emprego numa grande empresa a um amor incondicional, uma amizade verdadeira. Paralelo a essa ação, inexistirá o arrependimento, o “querer voltar no tempo.”

Lembro-me de uma vez que estava inseguro para chamar uma garota pra sair. Fui a sua direção, mas acabei dando meia-volta. Parei uns dez segundos e me chamei de frouxo. Voltei pra ela e perguntei se topava. Levei um fora, mas foi muito melhor que ficar pensando o fim-de-semana todo na oportunidade perdida.

Talvez o passo que está faltando a você é minúsculo, mas você tem medo das consequências. Esqueça-as um minuto. Arrisque-se…

Solidão Necessária

Trabalho, estudo, paixões, dinheiro, família, amigos. A maioria dos nossos problemas está relacionado a isso. Pode ser um de cada vez ou até todos ao mesmo tempo. Mas chega uma hora que tudo explode. É preciso um tempo sozinho para não pensar em nada (ou colocar tudo no lugar). Tempo para sentar embaixo de uma árvore, ao lado de uma lagoa e  apreciar o canto dos pássaros, perceber a direção que o vento sopra e como a vida anda. Sentir aquele momento é necessário.

A solução dos problemas virá mais rápido que se pensa…

A solidão

A Indesejada das Gentes.

Alguém aí já teve medo da morte? Acho que todo mundo já teve. Não adianta se fazer de durão, você já tremeu as pernas sim ao pensar nela e ao pensar pra onde você vai.

A última vez que tive medo dela eu estava nadando na piscina do clube. Veio um sentimento estranho, algumas perguntas e uns pensamentos como: Para onde eu vou? Porra, será que eu vou esquecer tudo que eu estou vivendo? Perder tudo que estou conquistando? Eu vou perder meus familiares e amigos? E o pior.. Eu não vou estar mais aqui para viver os acontecimentos da Terra, seja uma Terceira Guerra Mundial ou um abraço entre o Hugo Chávez e o Bush. Me senti tão aflito que saí repentinamente da piscina e meus primos ficaram se perguntando o que tinha acontecido comigo. O que aconteceu comigo?

Acho que o ponto que eu quero tocar neste texto e o ponto que eu sinto maior receio não é a morte, já que esta é certa e eu já estou conformado dela. O que me inquieta é o pós-morte. Não é o céu ou o inferno. É saber se eu vou para junto de Deus, se eu reencarno ou se eu simplesmente sumo. É saber se a consciência existe unicamente como resultado de correlações da matéria ou se ela não tem origem física, apenas usa o corpo como instrumento para se expressar.

Mas então chego à conclusão que não vou gastar meu nobre e curto tempo pensando nisso, pois quando menos se espera: pimba! Só escrevi isso aqui para me extravasar e liberar o que tava engasgado. Mas gastei muito tempo. Agora me dá licença que eu vou viver…

Post-Scriptum: Como ouvi uma senhora dizendo: “Eu?  Não, não me preocupo com a morte. Por quê? Pois preocupação dá rugas… (risos)”.

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Consoada – Manuel Bandeira

Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
– Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Alguém aí já teve medo da morte? Acho que todo mundo já teve. Não adianta se fazer de durão, você já tremeu as pernas sim ao pensar nela e ao pensar pra onde você vai.

A última vez que tive medo dela eu estava nadando na piscina do clube. Veio um sentimento estranho, algumas perguntas e uns pensamentos como: Para onde eu vou? Porra, será que eu vou esquecer tudo que eu estou vivendo? Perder tudo que estou conquistando? Eu vou perder meus familiares e amigos? E o pior.. Eu não vou estar mais aqui para viver os acontecimentos da Terra, seja uma Terceira Guerra Mundial ou um abraço entre o Hugo Chávez e o Bush. Me senti tão aflito que saí repentinamente da piscina e meus primos ficaram se perguntando o que tinha acontecido comigo. O que aconteceu comigo?

Acho que o ponto que eu quero tocar neste texto e o ponto que eu sinto maior receio não é a morte, já que esta é certa e eu já estou conformado dela. O que me inquieta é o pós-morte. Não é o céu ou o inferno. É saber se eu vou para junto de Deus, se eu reencarno ou se eu simplesmente sumo. É saber se a consciência existe unicamente como resultado de correlações da matéria ou se ela não tem origem física, apenas usa o corpo como instrumento para se expressar.

Mas então chego à conclusão que não vou gastar meu nobre e curto tempo pensando nisso, pois quando menos se espera: pimba! Só escrevi isso aqui para me extravasar e liberar o que tava engasgado. Mas gastei muito tempo. Agora me dá licença que eu vou viver…

Consoada – Manuel Bandeira

Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
– Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

No último post falei que estava em uma cidade pequena. Além de pequena é aconchegante e é uma cidadezinha que amo. Esta é Porteirinha. Trinta e poucos mil habitantes, no Norte de Minas, a 170 km de Montes Claros e a 500 km de Belo Horizonte. É a cidade onde minha família materna têm suas origens. Vivi lá até os 4 anos. Apesar de ter nascido em Montes Claros, me sinto um pouco porteirinhense. Sempre dou uma passada por lá nas férias para rever os parentes e para me aventurar.

Porteirinha foi grande produtora de algodão nas décadas de 70 e 80. Era a capital mineira do algodão. Mas devido pragas e disputas econômicas, além da falta de incentivos, a economia declinou vertiginosamente. Perdeu poder econômico e político e os distritos de Pai Pedro, Serranópolis e Nova Porteirinha se tornaram independentes. Nenhuma cultura “vingou” mais.

Agora, Porteirinha vive do turismo. Afinal, “quem é rei nunca perde a majestade”. A cidade faz parte da Serra Geral, formação geológica do Período Cretáceo que nasce no Paraguai, passa por Argentina e Uruguai, corta diagonalmente o sul do Brasil e reaparece no Norte de Minas. A principal atração turística é a Cachoeira do Serrado (foto) – com “S’ mesmo, não é uma alusão ao cerrado – uma bela queda do Rio Serra Branca. A água é geladíssima mas a paisagem é deslumbrante. Dá vontade de ficar o dia todo olhando pra ela.

Porteirinha é ideal para o ecoturismo. Trekking, rapel, escalada e trilhas de bicicleta e a cavalo são opções para se praticar. Depois é só tomar um banho nos rios que cortam o município.

Em outubro ocorre o Port Folia, micareta criada recentemente mas que atrai milhares de pessoas além do Luau das Acácias, organizada pela Ordem Demolay local. A micareta ocorre na Praça Odilon Coelho, a praça central da cidade onde o povo se encontra nos fins-de-semana e onde ocorre a maioria das festas e shows. Lá era onde eu brincava nas tardes de domingo em um half pipe. Mas depois de uma grande reforma, a praça comporta lanchonetes que antes ficavam em trailers ao redor.

Por falar em domingo, todas as manhãs de domingo o Mercado Municipal enche de pequenos produtores da região vendendo seus produtos. Desde Pequi, feijão e galinhas à melancia, umbu e um gostoso caldo de cana.

No mês de julho ocorre a tradicional Festa de Serra Branca, com quase cento e cinquenta anos. O verdadeiro nome dela é Festa Senhora de Sant’ana de Serra Branca e é uma festa religiosa. Pessoas do Brasil todo vem para essa festa. Meu avô e meu padrinho me contam que iam a essa festa quando eram jovens e não saiam com menos de três namoradas.

Se estiver passando por lá, não deixe de visitar!

Postei algumas fotos dessa minha última visita: http://www.flickr.com/photos/explorando-meu-quintal